Na alto da serra, subindo por um caminho de terra, vê-se a cabana. Transparente, como uma alma boa. E através dela, vê-se a paisagem. Incrível, que nem uma pintura. A luz do sol nos montes. A nuvens lentas, vagando no céu. E as cidades lá adiante, tão pequenas quando vistas de cima. A grama lá fora, fofa e fresca, faz carinho nos pés. A cabana é viva, até fala com a gente. Range com o vento. Estala com o calor.
Dentro dela, mantas no sofá, uma orquídea na mesa, o manjericão na cozinha. No ar, o perfume espraiado, para dar as boas-vindas a quem chega. A cama branquinha, arrumada com carinho. O banho com água quentinha na banheira, com vista para as estrelas. E um sachê de cotonetes no banheiro, deixados por alguém que sabe que a gente sempre esquece de levar cotonetes na viagem! E essas coisinhas põem na gente uma alegria simples, como de uma criança. Ao lado do portão, a trilha que vai dar no Balanço do Infinito, bem pertinho do céu. Descendo a estrada, as ruínas de um antigo sanatório (Seo Rubens, seus cães e cabras vêm contar a história e mostrar o retrato de como era ali). E no último dia, um presente: acordar
sobre as nuvens, que cobriam todo
o vale! Gabriel, igual à cabana, é moço de alma boa. A gente sente. Desde as primeiras palavras trocadas, é de uma atenção e de uma gentileza sem comparação. Sempre pergunta se a gente está bem e se precisa de algo. Foi ele que fez nascer a cabana, como quem planta uma semente quase no meio do nada. E essa semente deu flor e fruto de encher os olhos. Um santuário dos bichos e das plantas. Faltam palavras para expressar mais. Só há sentir.